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O que Padre Marcelo tem a ver com Caminho da Água? Ah, tem

Hélio Fogaça pergunta – ‘Problema com dente, de novo, Merten? Não é possível.’ Infelizmente é, meu amigo, mas vamos em frente. O que tem conserto, consertado será. Vivi ontem uma experiência curiosa no meu voo de volta do Recife, pela Azul. A companhia reserva os assentos da frente para idosos, sem custo. Sentei-me na primeira fila, no corredor, poltrona D. Na C, sentou-se o Padre Marcelo. Entrevistei-o em 2003, na época de Maria, A Mãe do Filho de Deus, que Moacyr Góes realizou com produção de Diler Trindade. Acho que a entrevista causaria muito mais hoje em dia. Padre Marcelo contou-me que gostava de filmes de artes marciais. Nunca mais o havia visto, acho que nem na TV. Não me identifiquei, nem tinha celular para fazer selfie. Preferi acompanhar a movimentação, um olho no padre, outro no livro que lia – Diorama, de Carol Bensimon. Todo mundo que entrou pela porta da frente quis fazer selfie com o padre. Um cara contou que sua mãe era grande admiradora do religioso. Ele se levantou – mais de dois metros – para enviar sua benção. ‘Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.’ As aeromoças, o piloto, todo mundo veio falar com Padre Marcelo. O voo teve turbulência. Quando isso ocorre, percebe-se o frisson das pessoas. Ontem, não. Parecia que o voo era protegido.

Avatar! Fui ver o filme na Sala 1 do PlayArte Marabá, onde tinha certeza de que haveria lugar. Sem estar lotada, a sala estava cheia – numa quinta, à noite. Meia hora de projeção e ainda continuava entrando gente, coisa mais esquisita. No final, parecia que estava de novo no Cine PE. Acostumado aos aplausos do público no fim das sessões competitivas, surpreendi-me ao ver a platéia do Marabá manifestar-se ruidosamente, com aplausos e assobios. Não sou um grande fã do primeiro Avatar, nem de Cameron Em 1998, na 70ª premiação da Academia, torcia por Los Angeles, Cidade Proibida, mesmo sabendo que era uma causa perdida. Titanic ganhou todos aqueles prêmios – 11, o mesmo número de Ben-Hur -, incluindo melhor filme e direção, mas o melhor roteiro – adaptado – foi o de Curtis Hanson e Brian Helgeland, L.A. Confidential. (O roteiro original vencedor, só para lembrar, foi o de Gênio Indomável, da dupla Matt Damon/Ben Affleck). Fiz toda força do mundo, destaquei o social num filme que era acima de tudo king size – a luta de classes está no centro do relato de Cameron -, mas, realmente, o roteiro, a chamada ‘dramaturgia’, nunca é o mais forte no cinema dele.

No ano de Avatar – 2010 -, Cameron concorria com a ex, Kathryn Bigelow, e ela venceu, por Guerra ao Terror. Bola dentro da Academia, mesmo que pudesse ser uma vingancinha dos colegas pelo sucesso repetido – Avatar, se não me erngano, superou a já bilionária receita de Titanic. O Caminho da Água começa meio raso, esquemático. Jake Sully e Neytiri formaram a família que terão de defender quando o Coronel Miles ressurge num corpo de na’vi. Em fuga, o casal e os filhos são acolhidos numa comunidade de pescadores, o que leva a narrativa para outro ecossistema, o fundo do mar. Justamente o miolo de Avatar 2, o encontro do filho com aquele solitário gigante do oceano – um animal estranhíssimo -, é o melhor do filme. Com mais de três horas de duração, Cameron tem a cara dura de ser autorreferencial. Toda a parte final é praticamente a repetição de Titanic. A embarcação que naufraga, a posição vertical que precede o afundamento, a morte – vejam para saber de quem – e o final com a ressurreição, quando se fecha o ciclo da natureza. Morte é vida, etc e tal. Provavelmente os tietes de Cameron vão querer me matar. Gostei mais do núcleo de ação, a batalha no mar, do que dos efeitos. Acho até que vou ter de rever O Caminho da Água. Não sei se o problema era a projeção do Marabá ou se o filme é mesmo mais escuro, mas o 2 não me produziu o deslumbramento visual do 1.

Tem coisas lindas, claro, mas foi-se o elemento surpresa e até o que seria a novidade – o ecossistema marítimo – não me fez esquecer o fantástico do habitat do Aquaman de James Wan. O que o 2 reforça é o elemento místico já presente no desfecho de Titanic, com a chegada de Rose e Jack ao paraíso, representado pela reconstituição luminosa do transatlântico. Acho curioso quando ocorrem certas coisas comigo. Ao deitar-me, já de madrugada – o filme passou da meia-noite, não conseguia táxi, peguei o último metrô -, não pude deixar de pensar que a presença do Padre Marcelo no voo, mobilizando todas aquelas pessoas, talvez já fosse um sinal para o que viria, ou veria, no Cameron. Não li nada sobre o 2, mas tenho a impressão de ter ouvido alguém comentar que Cameron desistiu de um Avatar 3, como havia anunciado anteriormente. Seja como for, existe ali no final uma janela – o na’vi do Coronel Miles – para outra sequência que não sei se virá. O próprio Cameron, vale destacar, só fez o Terminator 2 – Julgamento Final. Todos os demais filmes da série têm outros créditos de direção, e talvez me engane, mas gostei de Jonathan Mostow – já havia gostado de U571 – A Batalha do Atlântico e Breakdown – Perseguição Implacável – que assinou o 3, A Rebelião das Máquinas.

Autor: Luiz Carlos Merten

jornalista

2 comentários em “O que Padre Marcelo tem a ver com Caminho da Água? Ah, tem”

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