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Gramado (5). De volta a 5 Casas, e a Dom Pedrito

GRAMADO – Estou voltando da sessão de um dos mais belos filmes brasileiros recentes. Já havia assistido a 5 Casas no CineCeará, no ano passado, quando o longa de Bruno Gularte Barreto foi premiado. Assisti-o de novo, agora na mostra gaúcha do Festival de Gramado. No final, encontrei Sara Silveira, tão chapada como eu. Que filme! Antes que vocês digam que é gauchismo, permitam-me contestar. É cinema de altíssima qualidade, sem bairrismo algum. Mas confesso que mexe comigo rever Dom Pedrito, a cidade em que a Dóris, minha ex, nasceu. Fui tanto a Dom Pedrito. Conheço os campos do Poncho Verde, com aquele monumento que lembra não apenas uma das batalhas decisivas da Revolução Farroupilha, como a assinatura do acordo que colocou fim no conflito. 5 Casas transforma uma jornada pessoal em algo maior. Vinte anos após a morte dos pais, o próprio diretor volta à cidade em que nasceu para abrir velhas caixas que guardam segredos de família e da própria cidade.

Cinco personagens, cinco casas, cinco histórias. Bruno e o garoto lindo que foi, o velho fazendeiro num local assombrado, a freira expulsa da escola da qual era diretora, o jovem que sofre preconceito por ser gay e a professora idosa que briga – como a Clara de Aquarius – contra a especulação imobiliária que chegou a Dom Pedrito. A casa aos pedaços naquela esquina disputada. Conseguirá ela mantê-la, ou será expulsa? Emocionei-me como na primeira vez que vi 5 Casas. O filme tem algo de viscontiano, essa ideia do passado, do tempo perdido e nem sempre reencontrado. Quem fomos e quem somos? Conversei muito sobre isso com Carlos Adriano, com quem almocei hoje no DiPietro. O mais erudito autor da sua geração – de todo o cinema brasileiro atual – considera-me um interlocutor à altura. Confesso que são poucas as pessoas com quem tenho esse nível de discussão. Carlos Adriano e seu então companheiro, Bernardo Worobow, editaram em 1995 um livro sobre Júlio Bressane – o grande – que ele jura que me deu, mas não lembro. Ainda bem que ainda tem um sobrando, que promete me enviar. Bruno Gularte Barreto também anunciou que tem outro livro para mim. 5 Casas não é só esse projeto de filme. Inclui uma exposição e o livro que a Doris, que, além de tudo, é arquiteta, tenho certeza que gostará de folhear – ler? – quando eu passar por Porto Alegre, a caminho de São Paulo.

O festival entra na reta final. Nesta quarta teremos a apresentação de Marte Um, de Gabriel Martins, que integra a competição, e será seguida pela sessão especial de A Viagem de Pedro, de Laís Bodanzky. Amanhã, Tinnitus, de Gregorio Graziosi, encerra a competição brasileira e, na sexta, o festival apresenta o vencedor da competição de docs, que rola às 8 da noite no Canal Brasil. Assisti ontem à noite ao novo longa de Júlia Rezende, A Porta ao Lado. Como o anterior, Depois a Louca Sou Eu, mexeu comigo. Júlia sempre se interessou pelos problemas de casais, e dessa vez são dois, numa ciranda de sexo e traição. O que é trair, quando se trai? Júlia sempre abordou relações afetivas, mas agora, num signo dse emancipação, suas cenas de sexo estão cada vez mais gráficas e ousadas. O que querem essas mulheres? Leticia Colin e Bárbara Paz são as protagonistas e seus homens são Dan Ferreira e Túlio Starling.

Passei no hotel para dar conta dos filmes de Bruno e Júlia, e também porque queria ler um pouco, mas o tempo foi curto. Daqui a pouco teremos a sessão das 6 – 18 h. Lá vou eu, à espera, quem sabe?, de ser maravilhado.

Autor: Luiz Carlos Merten

jornalista

3 comentários em “Gramado (5). De volta a 5 Casas, e a Dom Pedrito”

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